Sou pedra, fortaleza, rocha. Mas também sou água, pássaro, poesia, papel. Posso te estender a mão e ficar ao seu lado quando precisar. No entanto, também sou carência e solidão e, talvez, algum dia precise de colo, presença, proteção. Posso me reerguer, continuar quantas vezes for preciso, todavia, posso também me quebrar e não querer dar um passo adiante. Posso sorrir, pular, cantar, abraçar, apertar a mão, beijar. Mas, também sou calmaria, choro, abandono, cansaço, tristeza, sono, tédio. Sou verdade, mas também posso ser ocultação, cautela, medo. Posso SER, mas também posso NÃO SER e mesmo assim continuar SENDO, oscilando entre o ir e o não ir, entre o avançar e o retroceder, entre a exposição e o cuidado, entre o permitir e o se fechar. Enfim, posso ser decifrável, mas também posso ser surpresa e espanto. Que eu, então, apenas SEJA e me permita também ser nada de vez em quando, sem me ferir, sem me culpar, afinal, posso ser acerto e sabedoria, mas também erro e desserviço, Sou um, sou dois, sou três, sou o oceano. Sou menos um, menos dois, menos três, sou o rio seco. Me despedaço, no entanto, me completo e me acho. Afinal, sou esperança!
______Felipe Rodrigues Alves
